Valor agregado e alta demanda impulsionam ovinocultura em MT

Mato Grosso possui atualmente cerca de 400 mil cabeças de ovinos, e a expectativa do setor é triplicar esse número e alcançar 1 milhão de animais nos próximos dois anos. O crescimento é impulsionado pelo alto valor de mercado da carne ovina, que pode ser até duas vezes maior que o da carne bovina e três vezes superior ao da carne suína, além da forte demanda dos consumidores, tanto no mercado interno quanto em outros estados.

As informações são da Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos de Mato Grosso (Ovinomat). “Temos tudo para sermos nos próximos anos, o maior produtor de ovinos do Brasil. Quando temos animais que alcançam de 38 a 40 kg em quatro meses e com carne de boa qualidade, o kg da carne de ovino pode chegar a 2,4 vezes a mais do que o valor da carne de bovinos. Em relação a de suínos, esse valor pode ser 3,5 vezes superior e a de frangos, uma diferença ainda maior. Além do valor, na mesma área que conseguimos uma arroba de bovinos também conseguimos a mesma quantidade de ovinos. Para o produtor, é muito bom”, explicou o presidente Cássio Carollo.

A nível nacional, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge) apontam que, em 2024, o país registrou a criação de 21 milhões de cabeças. Mato Grosso está entre os 11 estados maiores criadores.

Além da criação, entidades relacionadas ao setor tem defendido a ampliação de indústrias específicas para a cadeia produtiva. De acordo com Carollo, hoje tem dois frigoríficos em Mato Grosso destinados à ovinocultura, em Várzea Grande e Lucas do Rio Verde. A expectativa é ampliar esse número para atender a alta demanda e reduzir os custos de produção.

“A ideia é ter mais dois ou três frigoríficos em locais estratégicos para diminuir o gasto com o frete que inviabiliza as coisas”, destaca.

Além da melhoria logística, mais frigoríficos tendem a alavancar a produção, motivar os produtores e agregar valor e receita. “Mato Grosso tem muita matéria-prima para formulação de ração aos animais. É melhor enviarmos para fora do Estado uma proteína já pronta do que farelo de soja, milho e DDG. Esses produtos podem ser transformados em carne aqui dentro de Mato Grosso e agregar valor à cadeia produtiva, por isso é importante unir as pontas, os elos produtivos”, explica.

Em contrapartida, a categoria precisa lidar com desafios do setor que, por vezes, faz com que produtores desistam da atividade. “A sanidade e a contaminação com vermes são desafiadores porque causam perda de peso nos animais e atraso no desenvolvimento que desmotiva os produtores porque afetam a qualidade da carne exigida por consumidores e frigoríficos diminuindo o valor de mercado”, afirma Carollo.

Câmara Setorial

Em setembro, foi realizada a primeira reunião da Câmara Setorial Temática de Ovinocaprinocultura na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. A iniciativa visa ampliar os debates sobre a cadeia produtiva. “Pra nós foi uma vitória muito grande porque conseguiremos estar junto ao Estado discutindo propostas sobre a ovinocaprinocultura”.

Encontro Estadual

Nesta sexta-feira (10) e sábado (11) será realizado o 5º Encontro da Cadeia de Ovinocaprinocultura, no município de Tapurah. O evento vai reunir entidades do setor público e privado, e produtores rurais e contará com palestras sobre a atual situação do setor e com atividades práticas sobre manejo nutricional e de rebanho.

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