Rochas vulcânicas do Brasil podem ajudar a reduzir emissões de CO₂, aponta estudo

A pesquisa se inspira em experiências internacionais, como as instalações de captura de carbono na Islândia que conseguem transformar o CO₂ em cristais sólidos.

Um projeto da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) busca transformar rochas vulcânicas em ferramentas para reduzir o dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera, oferecendo soluções brasileiras para enfrentar as mudanças climáticas.

O estudo é coordenado pelo Professor Dr. Lucas Rossetti, da Faculdade de Geociências, e se concentra no potencial das rochas basálticas da Bacia do Paraná para o sequestro geológico de CO₂ por meio da mineralização de carbonatos.

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Pesquisador da UFMT investiga armazenamento de carbono em lavas basálticas brasileiras.
(Foto: Acervo Pessoal)

A pesquisa se inspira em experiências internacionais, como as instalações de captura de carbono na Islândia, desenvolvidas pela empresa suíça Climework e operadas pela Carbfix, que conseguem transformar o CO₂ em cristais sólidos ao injetá-lo em rochas vulcânicas a cerca de 700 metros de profundidade. Rossetti visitou recentemente essas instalações para estudar sua operação e avaliar a viabilidade de aplicação de tecnologias semelhantes no Brasil.

“Foi uma experiência muito enriquecedora. Pudemos acompanhar uma tecnologia pioneira e analisar como adaptá-la para o contexto brasileiro”, afirmou o pesquisador.

Hoje, as instalações na Islândia capturam até 36 mil toneladas de CO₂ por ano, uma fração diante das 37 bilhões de toneladas de emissões globais em 2023, mas suficiente para orientar pesquisas de captura e armazenamento de carbono (CCS) em outros países.

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Na imagem, vemos duas amostras de rocha ígnea. A de cima ainda apresenta os poros abertos, enquanto a de baixo mostra esses espaços já preenchidos por minerais formados a partir da fixação do CO₂.
(Foto: Acervo Pessoal)

O método utiliza os minerais presentes nas rochas vulcânicas — como magnésio, cálcio e ferro — para reagir com o CO₂ dissolvido em água, transformando o gás em um sólido estável. As fissuras e poros das lavas basálticas funcionam como reservatórios naturais, permitindo o armazenamento de carbono por longos períodos.

No Brasil, a equipe de Rossetti realiza trabalhos de campo no Vale do Rio Antas (RS), região com registros de antigas erupções vulcânicas. Resultados preliminares, publicados na Journal of South American Earth Sciences e apresentados na 5ª Conferência de Transição Energética Global da EAGE, mostram que algumas áreas das lavas mantêm porosidade significativa, enquanto outras tiveram seus espaços preenchidos ao longo do tempo, influenciando a capacidade de armazenamento.

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Esquema Ilustrativo do processo de captura de CO₂. Fonte: Adaptado de Sandra Snæbjörnsdóttir.

O projeto, financiado pela Petrobras, envolve pesquisadores da UFMT, Unipampa, UFRGS e UFRJ, além de estudantes de iniciação científica. Segundo Rossetti, a iniciativa não só contribui para a mitigação de gases de efeito estufa, mas também fortalece a pesquisa brasileira em tecnologias de baixo carbono, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

“Nosso objetivo é entender como o subsolo brasileiro pode se tornar uma solução natural para o armazenamento de CO₂, abrindo caminho para uma economia mais limpa e sustentável”, explicou Rossetti.

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