Indígenas apresentam demandas para fortalecer economia sustentável nos territórios de MT

Entre as principais reivindicações estão: menos burocracia para acessar recursos públicos, investimentos em agricultura familiar, artesanato, extrativismo e valorização das produções culturais indígenas.

Durante audiência pública realizada no Acampamento Terra Livre, nesta segunda-feira (28), lideranças indígenas de várias regiões de Mato Grosso apresentaram suas demandas para impulsionar a economia sustentável em seus territórios.

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Serão 3 dias de Acampamento Terra Livre. (Foto: Fepoimt)

Entre as principais reivindicações estão: menos burocracia para acessar recursos públicos, investimentos em agricultura familiar, artesanato, extrativismo e valorização das produções culturais indígenas.

Representando a etnia Kura Bakairi que fica entre as cidades de Paranatinga e Planalto da Serra, Isabel Taukane falou sobre o trabalho das mulheres indígenas com a moda sustentável. Ela defendeu mais incentivo à economia criativa.

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Isabel Taukane da etnia Kura Bakairi. (Foto: Marcella Vieira/ Primeira Página)

“Nossa cultura Kura Bakairi é muito rica nos grafismos, nos cantos, e no nosso modo de ser. Nós pedimos apoio para que tenha fomento no desenvolvimento da nossa economia criativa dentro dos territórios. Nós mesmo consumimos nossa própria produção dentro do nosso território, as mulheres receberam capacitação para produzir moda indígena, e já vendemos para formaturas, feiras e eventos”, afirmou Isabel.

José Angello Nabiquara, da etnia Nabikawa da região do Cerrado-Pantanal, destacou as dificuldades enfrentadas na agricultura familiar. Ele criticou a burocracia dos editais e a falta de alternativas para a produção de alimentos nos territórios.

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José Angello Nabiquara da etnia Nabikawa (Foto: Marcella Vieira/ Primeira Página)

“As políticas públicas existem, mas quando chegam para a população indígena, nós não conseguimos acessar por conta da burocracia e de várias exigências. Então, nós sabemos que a questão da produção dos alimentos tradicionais, existe grande parte das aldeias que são do cerrado, as áreas de mata onde eram plantados essas os alimentos, ficam próximo à beira beira dos rios ou nas cabeceiras. Existe a política de proibição que não pode fazer, só que não existe uma política alternativa que dá condições para poder para poder trabalhar a questão da produção acompanhada da questão tecnológica”, ressaltou.

De Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabáa indígena Tereza Cristina Kezonazokero, da etnia Haliti Paresi, também pediu editais diferenciados e mais acessíveis para apoiar atividades sustentáveis.

“Nós precisamos de mais fomento para o artesanato, a piscicultura, a avicultura e o etnoturismo. Tudo isso cuida da natureza e gera renda. Mas a burocracia nos impede de acessar recursos que poderiam melhorar a vida nas comunidades”, disse.

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Tereza Cristina Kezonazokero da etnia Haliti Paresi (Foto: Marcella Vieira/ Primeira Página)

A presidente da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo, reforçou que os povos indígenas já produzem em várias áreas, mas necessitam de investimentos e políticas menos burocráticas.

“Os povos indígenas estão presentes nas cadeias alimentares, no extrativismo, na agricultura familiar, no mel, na farinha, na mandioca, na moda, no artesanato e nas produções culturais. Nós queremos que a nossa banana, o nosso peixe, a nossa moda com grafismo esteja também na mesa e no dia a dia do não indígena. Mas para isso é necessário fomento, investimento e editais acessíveis”, afirmou.

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Presidente da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo (Foto: Marcella Vieira/ Primeira Página)

Além das reivindicações, algumas propostas práticas já começaram a ser encaminhadas. Entre elas, estão oficinas de capacitação em parceria com a Conab e ações previstas dentro do programa MT Produtivo, para fortalecer a produção e organização das associações indígenas.

“A ATL é o momento de ecoar as vozes, mas também é um momento de diálogo lugar” disse Eliane Xunakalo, presidente da Fepoimt.

Eliane também destacou a importância da participação dos povos indígenas na COP 30, que será realizada em Belém do Pará, e da oportunidade de apresentar as soluções indígenas para o mundo.

“Importante que nós, enquanto povos indígenas do Estado de Mato Grosso, além de levar todas as desafios e ameaças, nós também queremos que levar as iniciativas que temos, para que consiga atrair os olhos, para que haja investimento de fora aqui dentro”

O deputado estadual Lúdio Cabral (PT), que organizou a audiência, destacou que a escuta dos povos indígenas deve ser transformada em ações práticas.

“Os povos indígenas são os guardiões da natureza e precisam de sustento que se articule com a proteção do meio ambiente. Estamos recebendo demandas para fortalecer o turismo, a cultura, a agricultura familiar e o extrativismo nos territórios indígenas. Agora, o desafio é tirar essas propostas do papel”, disse.

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