Mudança no nome da praça Rachid Jaudy pode tirar identidade da cidade
A praça, que já foi um jardim botânico, passou a ser chamada de Rachid Jaudy em 1970
Em 1826, por iniciativa do médico naturalista Antônio L. Patrício da Silva Manso, foi inaugurado o jardim botânico de Cuiabá, onde hoje fica localizada a Praça Rachid Jaudy.
O nome do lugar é uma homenagem ao comerciante José Rachid Jaudy, que pertencia à comunidade sírio-libanesa, com papel importante na história da capital.

Nas últimas semanas, a praça tem se tornado assunto nas redes sociais. Grupos feministas pedem a mudança do nome de Rachid Jaudy para 8 de março. Segundo as organizadoras do movimento, o motivo seriam casos de estupros que teriam acontecido no local. Um deles, a Polícia descartou após encerrar as investigações. De acordo com o delegado, a jovem teria mentido.
O historiador e professor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) Fernando Tadeu é contra mudar o nome da praça Rachid Jaudy, que fica no centro de Cuiabá, e que marcou a história da cidade de diferentes formas e em diferentes períodos.
“Cuiabá é uma cidade que sempre se fortaleceu pelo comércio. Esse comércio foi feito pelos sírio-libaneses. A comunidade ama Cuiabá”, disse Fernando.

Ele afirma que mudanças de nomes podem tirar a identidade da cidade. “Eu vejo que os nomes precisam ser garantidos nesses espaços. Pois, daqui um tempo já não querem mais o nome e resolvem mudar. Isso deveria ser uma prática educativa, de que os nomes, uma vez dados, não fossem mudados”, afirmou o historiador.
Além disso, ele lembrou que locais que tiveram os seus nomes mudados em Cuiabá, como a Avenida dos Trabalhadores, atual Avenida Dante de Oliveira, e a do CPA, a Avenida Historiador Rubens de Mendonça, não foram adotados pela população, que continua a se referir pelos nomes anteriores.
População diz que é contra
Nascido e criado em Cuiabá, o servidor público Frank Sabiá, 55 anos, é contra a mudança no nome e lembra que viveu grandes momentos no local, como encontros amorosos. Viu a praça ficar lotada com a multidão que foi para o Centro de Cuiabá para escutar o discurso de Dante de Oliveira, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães sobre as Diretas Já, em 1984.
Dante de Oliveira morava em frente à praça Rachid Jaudy e a mãe dele, Maria Benedita Martins de Oliveira, reside até hoje no mesmo lugar. “Eu namorei nessa praça. Quando tinha 17 anos houve aqui um grande momento histórico, com o comício das Diretas Já, em 1984”, reforçou o servidor público Frank Sabiá.
A comerciante Dilaine Silva Barbosa, que tem um estabelecimento na região, também reforçou que é contra, pois todos já estão acostumados com o nome da praça.
A mudança também não agrada aos jovens. José Railton Almeida, inclusive, acredita que mesmo que a mudança aconteça, a praça vai continuar marcada como Rachid Jaudy. “Pode mudar, mas a gente vai continuar chamando de Rachid Jaudy”, enfatizou.
A praça está fechada para obras de revitalização que devem começar em abril deste ano, segundo a Prefeitura de Cuiabá. Já a Câmara de Vereadores informou que nenhum pedido de mudança de nome foi apresentado.
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