Atriz encena “valsa” de Nelson Rodrigues às detentas de presídios em Campo Grande
Público em geral também poderá assistir o espetáculo no Sesc Teatro Prosa
Os dois presídios femininos de Campo Grande serão palco para a poesia, a música, as controvérsias e toda a teatralidade da obra de Nelson Rodrigues. “Valsa nº 6”, escrita pelo dramaturgo em 1951, será encenada pela atriz Tauanne Gazoso nas unidades prisionais neste mês de outubro. Esta é a primeira vez que uma obra de Nelson Rodrigues será apresentada nas unidades prisionais da capital, segundo os organizadores do projeto.

Curta temporada
No Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto, Aberto e Assistência à Albergada de Campo Grande, na Vila Olinda, a apresentação acontece no dia 21 e será precedida por um bate-papo com as internas, no dia 20, conduzido por Tauanne e pelo produtor executivo Halisson Nunes.
Já no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi, as mediações ocorrem em 22 de outubro, seguidas de quatro apresentações nos dias 23 e 24, uma por turno, voltadas exclusivamente às mulheres da penitenciária.
Para o público em geral
Antes das apresentações nas penitenciárias, o público em geral também poderá conferir o espetáculo em uma única apresentação no Sesc Teatro Prosa, no dia 16 de outubro, às 19h. O espetáculo terá intérprete de Libras, e os ingressos gratuitos estão disponíveis pelo Sympla, através do perfil do Sesc Cultura MS no Instagram (@sescculturams).

“A Valsa em Lugares Esquecidos”
As apresentações integram o projeto “A Valsa em Lugares Esquecidos”, idealizado pela atriz. Mais do que um espetáculo, o projeto se propõe a ser um ato político e poético, ao adentrar espaços considerados invisíveis, explica Tauanne:
“A arte precisa ocupar todos os lugares e estar a serviço de todas as pessoas. O nosso papel como artistas é também buscar estratégias para levar o teatro a esses espaços e contribuir para a transformação social.”
Tauanne Gazoso.
Na peça, Tauanne vive Sônia, jovem obcecada pela Valsa nº 6, de Chopin, que tenta reconstruir sua própria história em meio às lembranças e delírios provocados por um crime de feminicídio.
“A personagem transita entre planos da alucinação e da memória, e isso requer uma intimidade muito grande com o texto e com as imagens que ele provoca. A cada nova temporada, coisas diferentes emergem. É um processo vivo.”
Tauanne Gazoso.
O título “A Valsa em Lugares Esquecidos” nasce dessa urgência de presença, comenta Halison.
“Associamos os ‘lugares esquecidos’ justamente à ausência do teatro nesses espaços. Conversamos com a Agepen e confirmamos que ainda não houve nenhuma apresentação teatral nas penitenciárias femininas de Campo Grande. Por isso, nosso gesto é também um ato de pesquisa e resistência.”
Halisson Nunes.

Mais de sete décadas após sua estreia, “Valsa nº 6” continua atual ao tratar do feminino e da violência de gênero. Para Halisson, a escolha da obra é especialmente potente em Mato Grosso do Sul, estado com altos índices de feminicídio.
“A peça ganha um sentido ainda mais urgente quando apresentada a mulheres privadas de liberdade, muitas delas atravessadas por uma sociedade machista e seus efeitos.”
Halisson Nunes.
Mais informações sobre o projeto pelo Instagram: @valsaemmovimento.
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