Dívidas crescem em MT e média por pessoa chega a R$ 7,4 mil
Levantamento do Serasa mostra que mais de 1,4 milhão de pessoas estão com o nome negativado em Mato Grosso e que o valor médio das dívidas subiu para R$ 7,4 mil, o maior patamar já registrado no estado.
O endividamento em Mato Grosso deu um salto preocupante no último ano. Em agosto de 2024, cada inadimplente devia em média R$ 6,2 mil, mas o valor subiu para R$ 7,4 mil em 2025, o equivalente a cinco salários mínimos. O aumento de mais de R$ 1,2 mil por pessoa revela a piora nas finanças das famílias mato-grossenses e um cenário de aperto crescente no orçamento doméstico.
De acordo com o levantamento do Serasa, mais de 1,4 milhão de pessoas (1.443.402) estão com o nome negativado em Mato Grosso. Em todo o país, o número de consumidores inadimplentes ultrapassa 78,8 milhões, o que representa quase metade da população adulta brasileira.

(Foto: Maxsandro Martins)
Entre esses nomes está o de Fabiana Batista Fortes da Silva, que viu a vida mudar depois de perder o emprego. Sem renda fixa, ela acumulou boletos e viu a dívida passar dos R$ 3 mil. “Fiquei desempregada e ficaram boletos de mais de três mil reais”, contou.
Os imprevistos são a principal causa do endividamento, mas não a única. Muitos consumidores acabam presos em um ciclo de crédito fácil e juros altos, o que faz a dívida crescer rapidamente. Uma jovem entrevistada contou que teve de trancar a faculdade e abrir mão do estágio por não conseguir manter as contas em dia.
Contas básicas e comércio lideram as dívidas
O levantamento do Serasa mostra que as contas básicas, como água, luz, telefone e internet, lideram o ranking de débitos em Mato Grosso. Em segundo lugar está o comércio varejista, seguido por bancos e instituições financeiras.
Para o especialista em educação financeira Thiago Ramos, da Serasa, o momento é de alerta.
“Estamos vivendo o período com o maior número de inadimplentes da história. É preocupante porque mostra que o consumidor está com dificuldade para pagar até o essencial. Isso impacta diretamente a economia, reduz o consumo e desacelera o comércio”, explica.
Do crédito fácil ao vermelho
O gerente de orçamento Davi Felipe da Silva Rodrigues sabe bem o que é ver o nome sair do azul. Ele conta que tinha o crédito liberado, um bom histórico com os bancos e o score nas alturas, até que começou a perder o controle.
“Meu score era alto, eu tinha crédito fácil e comecei a comprar demais. Quando percebi, já devia mais de trinta mil reais”, relembra.
Davi só conseguiu reorganizar as finanças depois de participar do programa Desenrola Brasil, criado pelo governo federal para facilitar a renegociação de dívidas com descontos e prazos mais longos.
“Com o programa, consegui juntar todas as dívidas em uma só e parcelar o pagamento. Agora falta pouco para eu voltar a ficar no azul”, conta.
Perfil dos endividados em Mato Grosso
O levantamento também revela quem são os mato-grossenses mais endividados. As pessoas entre 36 e 40 anos representam a maior parcela de inadimplentes, com 36,6% do total. Em seguida estão as faixas de 41 a 60 anos (34,4%), acima de 60 (15,8%) e até 25 anos (13,2%).
Entre os endividados, 53,4% são homens e 46,6% mulheres.
“É um problema que atinge todas as idades. O que muda é o tipo de dívida: os mais jovens costumam dever no cartão e no celular, enquanto os adultos se endividam mais com bancos e contas domésticas”, explica Thiago Ramos.
Educação financeira como saída
Para os especialistas, a saída do endividamento passa por planejamento e educação financeira. A orientação é mapear todas as dívidas, avaliar a renda mensal e buscar programas de renegociação antes que os juros se tornem impagáveis.
“O primeiro passo é saber quanto se ganha e quanto se deve. Às vezes, pequenas mudanças já fazem diferença, como cortar gastos desnecessários e evitar o crédito rotativo”, orienta Ramos.
Lidar com o dinheiro é um desafio em qualquer idade, mas com informação, disciplina e paciência, é possível sair do vermelho.
Davi aprendeu essa lição depois de quase uma década de aperto. “Hoje eu penso duas vezes antes de comprar. Descobri que o melhor crédito que a gente pode ter é o da consciência tranquila”, disse.
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