Maria Izabel: saiba a origem dessa delícia típica da culinária de Cuiabá

Há quem diga que a Maria Izabel é comida do Nordeste. Outros dizem que é do Sul. Mas isso não é verdade: existem diferenças entre baião de dois, arroz de carreteiro e o prato que é tipicamente cuiabano.

Há que se esclarecer que todos estes pratos são compostos por carne e arroz. No entanto, o carreteiro surgiu no pampa gaúcho, no tempo do carro de boi, e ganhou o país. A carne secava na ‘carretinha’ puxada pelo animal e daí, surgiu o nome.

O baião de dois, típico do Nordeste do Brasil, é feito com carne de charque. Também um tipo de carne seca e salgada, porém com métodos diferentes da carne usada em Mato Grosso para fazer a Maria Izabel.

Assim como a farofa de banana, a fama desta comida tão tradicional de Cuiabá surgiu durante a Guerra do Paraguai, que aconteceu entre 1864 e 1870. Segundo o historiador Aníbal Alencastro, naquela época, as mercadorias chegavam ao estado pela navegação. Entretanto, com a fronteira fluvial fechada, não havia como chegar alimentos.

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Porém, explica o professor, Mato Grosso tinha plantação de arroz e banana, tinha gado, de onde vinha a carne, cana-de-açúcar e engenho de farinha. Tudo isso contribuiu para o desenvolvimento dessa culinária tão tradicional que conhecemos hoje.

Culinária tradicional em eventos

A dona de um dos buffets mais conhecidos da capital é cuiabana de ‘tchapa e cruz’. Apesar de ter morado em outros estados para estudar, nunca esqueceu a típica comida cuiabana.

“Pelo menos uma vez por semana, eu faço, na minha casa, alguma comida tradicionalmente cuiabana. Seja uma Maria Izabel, uma farofa, um peixe”, disse Leila Malouf.

A empresária explicou ainda é que é comum moradores de Cuiabá trazerem familiares e amigos de outros estados e encomendarem refeições típicas para servir aos convidados e apresentar as tradições cuiabanas.

Além disso, muitos eventos empresariais, especialmente os voltados ao turismo, ou que recebem estrangeiros, optam por um cardápio mais tradicional, que inclua os pratos da “cuiabania”.

Cozinhando a dois

De acordo com o historiador, o propósito da culinária cuiabana também é unir, agregar. E foi o que aconteceu com Pollyana Oliveira e Raphael Arruda, dois gastrólogos que se tornaram sócios para promover eventos personalizados.

A sociedade resultou em casamento e num perfil na rede social onde compartilham os trabalhos, além das delícias e desafios de trabalharem juntos.

Ela, maranhense, chegou em Mato Grosso em 2010 para trabalhar em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá. Após três anos, foi transferida para a capital, onde pôde saborear os pratos e os temperos cuiabanos.

Hoje, nos eventos que faz, ela leva a mesma experiência que teve, apresentando as tradições cuiabanas.

“É uma culinária bem diversificada que agrada a todos os paladares”, destacou.

Se liga na receita

Pollyana e Raphael dão uma super dica para este prato tão desejado. Eles fizeram um vídeo especial.

Maria Izabel

• 500g de carne seca dessalgada
• 1 xícara de arroz agulhinha
• 2 xícaras de água
• sal (somente se necessário)
• pimenta do reino
• 4 dentes de alho
• 1/2 cebola picadinha
• folhinhas de salsa picada

Preparo

Corte a carne seca em cubinhos e frite em uma panela com um pouco de azeite. Deixe criar um ‘fundinho’ de sabor. Coloque a cebola picada e o alho, e refogue. Adicione o arroz, a água e a pimenta do reino. Checar se precisa de sal.

Deixe cozinhar em panela tampada até o arroz estar cozido. Salpique salsinha e está pronta a Maria Izabel. Pode servir com feijão cozido e farofa de banana.