Pai e filho vão a júri por feminicídio de adolescente deixada em poço em Cuiabá

Eles responderão por feminicídio qualificado, roubo majorado, tentativa de extorsão, lesão corporal no âmbito de violência doméstica e ocultação de cadáver.

O juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou que Benedito Anunciação de Santana, de 40 anos, e o filho dele, Gustavo Benedito Junior Lara de Santana, de 18, sejam levados a julgamento pelo Tribunal do Júri pelo feminicídio da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos. A sentença de pronúncia foi divulgada nessa terça-feira (5).

padrasto preso
Benedito Anunciação e o filho Gustavo Benedito vão a júri pela morte da adolescente Heloysa Maria. (Foto: Reprodução)

Conforme denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), pai e filho responderão por feminicídio qualificado, roubo majorado, tentativa de extorsão, lesão corporal no âmbito de violência doméstica e ocultação de cadáver.

A Justiça também decidiu manter a prisão preventiva dos dois réus, apontando risco à ordem pública e gravidade dos fatos.

Relembre o caso

O crime ocorreu no dia 22 de abril deste ano, no bairro Ribeirão do Lipa, em Cuiabá. Heloysa foi estrangulada com um cabo USB, teve o corpo amarrado e jogado em um poço de grande profundidade, de onde foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros.

Heloysa foi morta estrangulada com cabo USB. (Foto: Reprodução)
Heloysa Maria foi morta estrangulada com cabo USB. (Foto: Reprodução)

A perícia confirmou asfixia mecânica como causa da morte. A adolescente também apresentava múltiplas escoriações.

De acordo com a denúncia, Benedito, ex-servidor público e, na época, padrasto da vítima, teria ordenado a morte da enteada e da mãe dela, Suellen de Alencastro Arruda, motivado por ciúmes e o possível fim do relacionamento.

Para executar o plano, ele contou com a participação do próprio filho e de dois adolescentes, de 16 e 17 anos — colegas de escola de Gustavo.

Suellen foi agredida no mesmo dia e inicialmente acreditou que se tratava de um assalto seguido de sequestro. O padrasto chegou a publicar nas redes sociais uma imagem de Heloysa, pedindo ajuda para encontrá-la, numa tentativa de enganar familiares e autoridades.

Confissões e provas

As confissões extrajudiciais dos envolvidos, consideradas espontâneas e coerentes, reforçaram os indícios. Um dos adolescentes confessou participação e apontou os demais. Com ajuda de câmeras de segurança, a polícia encontrou o veículo usado para transportar o corpo, além de placas de carro e um lençol branco no entorno do poço.

Durante depoimento, Benedito alegou que o plano era apenas “dar um susto” na companheira. Veja:

Durante audiência de custódia Benedito disse que a ideia era apenas dar um susto. (Vídeo: Reprodução)

No entanto, a investigação demonstrou que ele esteve presente no local do crime e que a execução de Heloysa ocorreu antes da chegada da mãe. As qualificadoras do feminicídio, como meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, foram evidenciadas no processo, assim como o menosprezo à condição feminina.

A restituição de bens das vítimas, como celulares, notebook e televisores, também foi autorizada pela Justiça.

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Comentários (1)

  • Brígida Silva

    E que a justiça não passe o rodo nesse crime e nem condene com uma pena ridícula e mínima,e os menores sejam penalizados a servir hospitais, asilos,e prisão domiciliar,um abjeto desse nem deve frequentar escolas e nenhum ambiente público,deve ser recolhido a sua insignificância e ausência de Piedade