Escritoras indígenas de MS levam histórias de seus povos para feira literária em Bonito
Luciana da Costa Roberto e Anarandá compartilham literatura, memória e resistência no maior evento literário do estado
A 9ª edição da Feira Literária de Bonito (Flib) contou com a presença de duas jovens escritoras indígenas de Mato Grosso do Sul que têm transformado suas vivências em obras literárias de grande impacto. Luciana da Costa Roberto, do povo Kinikinau, e Anarandá, do povo Guarani, representam novas vozes que unem tradição e contemporaneidade, reafirmando a importância de registrar histórias, memórias e modos de ser de seus povos.

Luciana da Costa Roberto: memórias Kinikinau registradas em livro
Natural de Miranda e integrante da comunidade indígena local, Luciana da Costa Roberto tem apenas 25 anos e já carrega a experiência de ser professora e escritora. Seu primeiro livro, publicado em 2024 pela Editora Oeste, nasceu dentro do projeto Saberes Indígenas na Escola.
A obra intitulada Kinikinau: histórias, memórias, artesanatos e lutas reúne entrevistas com anciãos e familiares da comunidade, preservando narrativas que antes existiam apenas na memória oral. Para Luciana, o objetivo sempre foi pensar nas crianças de seu povo:
“É um sentimento de muita alegria. Pensei nas nossas crianças, para que elas tenham esse conhecimento registrado. Se algo se perder, já está escrito em nossos livros”, conta.
Atualmente cursando Pedagogia na UFMS, ela já planeja novos projetos. O próximo livro será sobre mitologias tradicionais, reunindo relatos de anciãos para valorizar e transmitir a herança cultural Kinikinau.
Anarandá: música, grafismo e literatura Guarani

Cantora, compositora, atriz, influenciadora digital e escritora, Anarandá, 28 anos, nasceu na Aldeia Guapo, em Amambai, e hoje mora em Dourados, onde estuda Gestão Ambiental na UFGD. Sua trajetória artística começou pela música, com o rap nativo que mistura beats urbanos a instrumentos tradicionais como o baraka e a flauta.
Na literatura, sua primeira publicação, lançada em 2024, resgata os significados do grafismo Guarani, muitas vezes reduzido ao rótulo de “tribal” ou usado sem conhecimento de sua simbologia.
“O grafismo sempre foi uma forma de comunicação. Antigamente, era possível identificar se alguém era casado, solteiro ou até mesmo se estava esperando um filho. O livro surgiu da necessidade de resgatar esse conhecimento e evitar que ele seja usado sem consciência”, explica.
Anarandá já prepara novos trabalhos e pretende publicar pelo menos cinco livros nos próximos anos, abordando desde a vivência indígena até romances inspirados nos rituais e formas de amar de seu povo.
Protagonismo na literatura sul-mato-grossense
A participação de Luciana e Anarandá na Flib simboliza a força de novas vozes indígenas que ocupam espaços literários e culturais antes pouco acessíveis. Para Luciana, esse momento é histórico para o povo Kinikinau, antes considerado extinto:
“Hoje mostramos que somos protagonistas da nossa história. Ter um livro é poder anunciar a nossa cultura ao mundo”, afirma.
Já para Anarandá, literatura e música se entrelaçam como formas de resistência e valorização: “O que escrevo e canto é para que os jovens nunca esqueçam quem são e de onde vieram”.

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