MP acompanha medidas emergenciais na UHE Colíder após problema em drenos da barragem

O anúncio ocorreu após a Eletrobras iniciar a medida, que mobiliza mais de 100 profissionais em uma operação emergencial de resgate de peixes, com o objetivo de evitar a mortandade em áreas de baixa oxigenação.

O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) informou que está acompanhando de perto o processo de rebaixamento do reservatório da Usina Hidrelétrica Colíder (UHE Colíder), no rio Teles Pires, iniciado após a detecção de falhas em cinco dos 70 drenos da estrutura.

O anúncio ocorreu após a Eletrobras dar início ao procedimento, que mobiliza mais de 100 profissionais em uma operação emergencial de resgate de peixes, com o objetivo de evitar a mortandade em áreas de baixa oxigenação.

Na segunda-feira (18), durante uma reunião virtual, representantes da Eletrobras apresentaram detalhes do Plano de Ação Emergencial ao MPMT. Participaram do encontro o procurador de Justiça Gerson Natalicio Barbosa e os promotores de Justiça de Colíder, Nova Canaã do Norte, Itaúba e Cláudia.

O procedimento busca reduzir riscos e preservar a segurança da barragem, que atualmente opera no nível de “Alerta”, o terceiro mais grave em uma escala de quatro níveis (que vai de Normal a Emergência).

A força-tarefa para retirada dos peixes conta com 20 barcos, drones e até um helicóptero. Até o momento, cerca de 5 mil peixes já foram retirados das áreas críticas e devolvidos ao Rio Teles Pires.

O MPMT afirmou que acompanha de forma contínua a execução das medidas, com foco na proteção da população e na preservação ambiental. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) também fiscaliza o processo e ressaltou que cabe ao empreendimento arcar com as medidas necessárias para proteger a fauna aquática e minimizar os impactos socioambientais.

Preocupação entre moradores de Itaúba

Situação de um lado do rio, após o rebaixamento da água. (Foto: Douglas Aziliero)
Situação de um lado do rio, após o rebaixamento da água. (Foto: Douglas Aziliero)

Em Itaúba, a queda brusca no nível da água já afeta o cotidiano da população. A empresária Juliana de Lima Marques, dona de pousada há quase 30 anos na cidade, relatou nunca ter enfrentado uma situação semelhante.

“Está sendo muito difícil, principalmente pela queda nas vendas”, disse, acrescentando que teme prejuízos ainda maiores caso a redução do reservatório se prolongue.

Moradores das comunidades ribeirinhas também alertaram para impactos sociais e econômicos, já que muitas famílias dependem da pesca para alimentação e renda. A secretaria, no entanto, informou que não recebeu denúncias formais de mortandade até o momento.

Barragem e risco aos peixes

Os drenos da barragem têm a função de escoar a pressão da água acumulada no reservatório, garantindo a estabilidade da estrutura. Danos a essas peças podem comprometer a segurança da usina e, em casos extremos, provocar acidentes com impacto ambiental e social.

Com o rebaixamento do nível da água, peixes e outras espécies aquáticas ficam concentrados em áreas menores, aumentando o risco de mortalidade por falta de oxigênio. Por isso, a operação de resgate torna-se essencial para preservar a ictiofauna e minimizar impactos ecológicos, especialmente em um ecossistema que abastece comunidades ribeirinhas.

Logística e operação do resgate

O resgate começou no sábado, 16 de agosto, e já resultou no salvamento de aproximadamente 5 mil peixes. No momento, nove equipes estão em campo realizando vistoria, monitoramento e captura, e a Eletrobras planeja mobilizar cerca de 20 equipes até o fim da semana.

Os animais passam por identificação e triagem antes de serem devolvidos a áreas cheias do Rio Teles Pires. Segundo a empresa, não houve novos alertas de mortandade, e toda a operação segue sob fiscalização da Sema-MT.

Contexto socioambiental e energético

A UHE Colíder informou que a operação segura da barragem é essencial não apenas para a geração de energia, mas também para garantir a proteção de comunidades, ecossistemas e atividades econômicas locais, como agricultura, pesca e turismo.

O rebaixamento faz parte de um plano emergencial coordenado, que prioriza a segurança da população e a preservação ambiental, enquanto especialistas avaliam a integridade estrutural da usina e definem ações corretivas.

Próximos passos

A Eletrobras informou que o rebaixamento seguirá pelos próximos dias, enquanto um painel de especialistas externos acompanha o desempenho da barragem e a operação de resgate da ictiofauna. A companhia reforça o compromisso com a transparência e a comunicação contínua com órgãos públicos, comunidades e entidades ambientais, garantindo que as ações adotadas minimizem riscos e impactos.

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