Pantanal integra corredor ecológico que vai unir 4 países através dos rios

Iniciativa que surge como o maior projeto de refaunação da América do Sul, pretende interligar as matas ciliares fazendo delas ambientes seguros, ricos em refúgio e proteção para inúmeras espécies

O território pantaneiro fará parte do maior esforço de refaunação em escala continental da América do Sul. Lançada nesta sexta-feira (26), em Nova York, a iniciativa Jaguar Rivers planeja criar corredores ecológicos, seguindo o curso dos rios e as florestas que os cercam, abrangendo 2,5 milhões de km² entre Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai.

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Área alagada no Pantanal. (Foto: M.Haberfeld)

A ideia é que essas florestas interligadas funcionem como ambientes seguros, permitindo que os animais se movimentem e encontrem proteção e alimento. O projeto divide esses territórios em quatro ecossistemas principais:

  • Arcas: grandes ecossistemas intactos com espécies-chave, restaurados e repovoados para se tornarem fontes de dispersão da vida selvagem.
  • Zonas de amortecimento: áreas circundantes onde economias restauradoras promovem a coexistência e estendem a proteção.
  • Trampolins ecológicos: pequenos refúgios de vida selvagem ao longo dos corredores — muitas vezes reservas privadas — que permitem a dispersão segura e reduzem conflitos entre humanos e animais selvagens.
  • Rios e planícies de inundação: corredores vitais para a conectividade, que exigem fluxos ecológicos saudáveis, sendo protegidos por meio de custódia cidadã, monitoramento e políticas públicas eficazes.
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Acerola e Aracy, onças monitoradas pelo Onçafari no Pantanal. (Foto: Eduardo Fragoso)

A iniciativa surge como uma aposta para solucionar uma crise ecológica sem precedentes, na América do Sul. Conforme o projeto, as populações de vida selvagem em toda a região diminuíram 94% desde 1970 – a queda mais acentuada do mundo.

As principais causas desse colapso são o desmatamento, degradação de rios, fragmentação, incêndios e superexploração.

“Estamos empreendendo um ato muito estratégico para salvaguardar um dos maiores sistemas fluviais do mundo. Ao restaurar sua integridade ecológica, diversas espécies e comunidades atualmente ameaçadas em quatro países têm a oportunidade de prosperar, usando um modelo de restauração da natureza combinado com economias regenerativas que foi testado e provado ser bem-sucedido em locais como o Pantanal brasileiro e os Esteros del Iberá na Argentina”.

Deli Saavedra, diretor da iniciativa.

Assista ao vídeo de divulgação do projeto:

No Brasil, o Jaguar Rivers é liderado pela organização Onçafari, que atua na preservação de espécies nos principais biomas do país, incluindo o Pantanal sul-mato-grossense.

A ONG foi a primeira no mundo a reintroduzir onças-pintadas criadas em cativeiro na natureza com sucesso, e tem sido responsável pela criação e gestão de grandes corredores de vida selvagem, tanto na Amazônia quanto no Pantanal.

Também participam do projeto as organizações sem fins lucrativos Rewilding Argentina, Nativa (Bolívia) e Moisés Bertoni (Paraguai).

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Mapa da Jaguar Rivers.

Financiamento

Uma campanha de financiamento privado fornecerá os recursos para a iniciativa, com compromissos iniciais de US$ 26 milhões, aproximadamente um terço do orçamento operacional dos três primeiros anos. O anúncio oficial será feito durante o Global Citizen Festival, que ocorre no dia 27 de setembro, no Central Park, em Nova York.

Entre os doadores estão: Tompkins Conservation, Kisco Conservation Foundation, Rainforest Trust, Wyss Foundation, Bobolink Foundation, Postcode Lottery Group, DOB Ecology, Freyja Foundation, Greg and Mary Moga, Teresa e Cândido Bracher, e a Rolex Perpetual Planet Initiative.

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Lançamento da iniciativa em Nova York. (Foto: Heather Kim)

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