Perícia confirma mortandade de peixes e erosões após rebaixamento de reservatório da Usina Colíder

Perícia técnica revela danos ao meio ambiente e à estrutura da Usina Colíder, com mortandade de peixes, deslizamentos e risco de instabilidade nas margens do rio Teles Pires.

A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) divulgou nesta segunda-feira (6) o laudo que confirma a ocorrência de danos ambientais e estruturais decorrentes do rebaixamento emergencial do reservatório da Usina Hidrelétrica Colíder (UHE Colíder), localizada no rio Teles Pires, em Mato Grosso.

A manobra foi realizada em junho deste ano, após o rompimento de quatro drenos do sistema de drenagem da barragem. O rebaixamento, executado à taxa de 0,5 metro por dia, foi adotado para preservar a integridade da estrutura.

O Primeira Página entrou em contato com a usina, mas até a última atualização desta reportagem não retornou o contato.

Barragem da Usina Hidrelétrica de Colíder, no Rio Teles Pires (MT). (Foto: Reprodução)
Barragem da Usina Hidrelétrica de Colíder, no Rio Teles Pires (MT). (Foto: Reprodução)

A perícia foi determinada pelo Ministério Público do Estado (MPMT) diante de indícios de deterioração nos drenos, considerados essenciais para a segurança da usina.

Mortandade de peixes e erosões nas margens

De acordo com o laudo, o rebaixamento do nível da água causou mortandade de peixes, provocada pelo aprisionamento de espécies em poças isoladas. Também foram identificadas erosões acentuadas, instabilidade nas margens do reservatório, deslizamentos e fissuras em solos argilosos.

A perícia apontou ainda o carreamento de sedimentos para o leito do rio, o que aumentou a turbidez da água e acelerou o assoreamento em áreas de remanso. A análise constatou piora nos índices de oxigênio dissolvido e qualidade da água, comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Riscos geotécnicos e ambientais

O relatório técnico detalhou a ocorrência de processos erosivos e geotécnicos como fissuração, abertura de gretas de contração, rastejamento, deslizamentos e erosão interna (piping). Esses fenômenos indicam risco elevado à estabilidade da barragem e danos cumulativos ao meio ambiente.

Os peritos ressaltaram que os impactos observados não se restringem à estrutura física da usina, mas configuram danos ambientais expressivos, com reflexos sobre a fauna, a flora e a qualidade da água. A investigação utilizou métodos de campo, análises laboratoriais e geoprocessamento para mensurar as alterações geomorfológicas no reservatório e no leito a jusante.

Medidas urgentes e recomendações

O laudo recomenda ações imediatas para mitigar os impactos e evitar agravamentos. Entre as medidas sugeridas estão a contenção de erosões e estabilização de taludes; monitoramento geotécnico contínuo; desobstrução e manutenção do sistema de drenagem; controle piezométrico e de vazão dos drenos; resgate da ictiofauna em áreas críticas.

A Politec também enfatiza a necessidade de manejo operacional mais controlado para evitar variações bruscas no nível do reservatório e reduzir os gradientes hidráulicos que favorecem a erosão e o assoreamento.

Abrangência da perícia

A investigação foi conduzida por peritos criminais das gerências de Meio Ambiente e das unidades regionais de Confresa e Sinop, com base em evidências científicas obtidas em campo e laboratório.

O relatório conclui que a situação da UHE Colíder demanda monitoramento permanente e medidas corretivas urgentes para garantir a segurança da barragem, preservar a fauna aquática e manter a qualidade da água no rio Teles Pires.

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