Como começou o caso do metanol no Brasil?

A intoxicação pode causar cegueira, insuficiência renal e pulmonar, coma e até a morte

Os casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas despertaram preocupação em todo o país. A troca de informações entre profissionais de saúde mostrou que não se tratava de situações isoladas: diferentes hospitais passaram a registrar ocorrências semelhantes. Mas, afinal, como teve início o caso do metanol no Brasil?

Bebidas
Bebidas destiladas apresentam maior risco de conter metanol. (Foto: Reprodução/Canva)

Os primeiros sinais de alerta apareceram em 22 de setembro, quando médicos de São Paulo começaram a atender pacientes com sintomas característicos de intoxicação por metanol, álcool utilizado industrialmente em solventes e outros itens químicos.

Se ingerido, o metanol ataca o fígado e é transformado em substâncias altamente tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico. Os efeitos podem levar à cegueira, insuficiência renal e pulmonar, coma e até morte.

As intoxicações ocorreram após vítimas consumirem bebidas alcoólicas em bares, festas e eventos sociais.

Mortes por intoxicação de metanol

Em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, Mateus Santana Falcão, de 21 anos, morreu na sexta-feira (3) após apresentar dores no peito e falta de ar. A mãe do jovem contou à reportagem que ele havia consumido bebidas em casa no dia anterior.

Matheus Santana Falcão, de 21 anos. (Foto: Reprodução)
Matheus Santana Falcão, de 21 anos. (Foto: Reprodução)

“Ele começou a vomitar sangue, então chamei a ambulância. O atendimento na UPA demorou e, depois, ele piorou; não conseguiram reanimá-lo”, relatou emocionada Maria José Duarte Santana.

Além do jovem Matheus , outras 11 pessoas já morreram por suspeita de intoxicação por metanol, de acordo com o Ministério da Saúde. A última informação divulgada pela pasta aponta que saltou de 59 para 113 casos em todo o Brasil; 102 seguem em investigação. O Estado de São Paulo lidera com 101 registros.

Um dos casos mais conhecidos é o do rapper Hungria, que permanece internado em Brasília após uma suspeita de intoxicação por metanol. O artista passou mal depois de consumir vodca na casa de um amigo, na madrugada de quinta-feira (2), em Vicente Pires, a cerca de 20 km do centro da capital.

Investigação e medidas emergenciais

A principal linha de investigação da Polícia Civil aponta que fábricas clandestinas estariam usando metanol para limpar garrafas falsificadas antes de encher com bebidas. A substância, proibida no Brasil, teria sido trazida ilegalmente e aplicada em embalagens reutilizadas.

Devido os casos recentes de intoxicação por metanol, o Brasil ja está adotando medidas emergenciais para garantir o medicamento usado como antídoto, o fomepizol.

Sem registro no mercado brasileiro, o remédio precisa ser trazido do exterior, e por isso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acionou órgãos reguladores de diferentes países para acelerar o processo de importação.

Quais bebidas são seguras?

Autoridades afirmam que não há consumo 100% seguro. Neste momento, todas as bebidas são consideradas inseguras. Porém, o risco maior são os destilados, principalmente os incolores, como vodca e cachaça.

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  1. Intoxicação por metanol: saiba como reconhecer os sinais e agir rápido

  2. Salta de 59 para 113 os números de intoxicação por metanol no Brasil

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Hungria no hospital
Hungria hospitalizado. (Foto: Redes Sociais)

Médicos ouvidos pelo g1 explicaram que cerveja, vinho e chopp oferecem menor risco de conter metanol, devido à forma como são produzidos e envasados (processo de colocar um líquido em embalagens, como garrafas, latas ou frascos, para distribuição e venda).

As cervejas em lata são consideradas as opções mais seguras, já que os recipientes são mais difíceis de serem adulterados.

Sintomas de intoxicação por metanol

Segundo a médica, os sintomas podem variar conforme o órgão atingido. Entre os mais comuns estão:

  • Alterações ou perda da visão
  • Náusea e vômitos
  • Dor abdominal
  • Confusão mental
  • Sonolência e tontura
  • Dor de cabeça
  • Fraqueza muscular

O médico e toxicologista do Ciatox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica de Campo Grande), Sandro Benites, reforça a atenção para sintomas que surgem cerca de 12 horas após o consumo de bebida alcoólica.

O que fazer ao suspeitar da intoxicação?

Ao perceber os primeiros sinais, é fundamental procurar atendimento médico imediato. A especialista orienta:

  • Procurar um pronto atendimento
  • Não induzir vômito
  • Não ingerir água ou leite
  • Manter o paciente sentado ou deitado de lado, para evitar aspiração pulmonar em caso de perda de consciência
  • Guardar amostra da bebida ingerida, quando houver suspeita de adulteração

Descarte de bebidas

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) orienta que os consumidores tomem cuidado redobrado ao descartar garrafas de destilados, a fim de dificultar a ação de falsificadores. O órgão informa as seguintes orientações:

  • Nunca descartar a tampa junto com a garrafa (coloque em lixos diferentes);
  • Rasgar ou retirar o rótulo antes de jogar fora;
  • Encaminhar a embalagem a pontos de coleta de vidro ou locais de reciclagem autorizados;
  • Evitar descartar no lixo comum, o que facilita o reaproveitamento.

Proteja-se!

Como não é possível detectar metanol nas bebidas apenas pelo cheiro, gosto ou aparência, as autoridades divulgaram uma lista com as principais recomendações. São elas:

  • Desconfie de preços muitos baixos
  • Compre em locais conhecidos
  • Verifique se a garrafa da bebida escolhida possui lacre e selo fiscal

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