Diversidade política e ideológica: o plural que divide

Nos últimos dez anos o ódio ideológico cresceu muito e, talvez, fique ainda maior, o que é muito preocupante

Chegou a vez de falarmos de um assunto que hoje tem trazido sérios conflitos: a diversidade política. Esta eu comparo à música de Paulinho da Viola e nela coloco a política no lugar de dinheiro “Política na mão é vendaval, cada um trata de si, irmão desconhece irmão. Quanta gente aí se engana e cai da cama com toda a ilusão que sonhou e a grandeza se desfaz, quando a solidão é mais, alguém já falou”.

(Vídeo: Marcos Estevão)

Os políticos mesmos estão pouco preocupados com a diversidade, frequentemente se unem a velhos adversários, trocam de partidos e nós, os eleitores, nos digladiamos por eles e, nesses casos, ou os seguimos em suas novas jornadas ou os chamamos de traidores e permanecemos nas nossas velhas convicções.

Nos últimos dez anos o ódio ideológico cresceu muito e, talvez, fique ainda maior, o que é muito preocupante. Para a esquerda e direita radicais não existe centro, apenas lado. Fomos divididos em esquerdopatas e direitopatas. Tudo se resolveria se víssemos a diversidade política como um aspecto fundamental, com diferentes valores existentes em cada sociedade, importante para o equilíbrio ideológico de uma nação.

Diferentes interesses e opiniões, discutidos em debate civilizados, fortificam o andamento democrático de um país. Ninguém é obrigado a pensar igual ao outro, não há diferença intelectual nas diversas ideologias, a erudição está presente em todas elas, assim como a ignorância. Por isso, há necessidade de discussões sadias, entremeadas de tolerância e respeito.

Em cada processo eleitoral, temos a oportunidade de mobiliar nossas casas de leis com pessoas com as quais nos identificamos e que nos prometem seguir a trajetória que se coaduna com nosso pensamento. Com isso criamos um sodalício composto por posição e oposição, responsável pela harmonia entre diferentes ideias e ideais de cada eleitor. Precisamos permitir que todos os interesses sejam expostos, que todas as vozes sejam ouvidas.

A diversidade política refere-se a diferentes correntes partidárias, enquanto a diversidade ideológica diz respeito às diferentes doutrinas e filosofias que direcionam os atos políticos, como o conservadorismo e o socialismo. É claro que no mundo de hoje, tão polarizado, os diferentes lados podem experimentar momentos de tensão com discussões mais acaloradas e, algumas vezes, com franca agressividade.

Estamos vivendo atualmente o aumento expressivo da intolerância estimulada e disseminada através das redes sociais, e estas, por meio da inteligência artificial, descobrem seu lado no tabuleiro e chovem de mensagens de acordo com seu desejo e estimulam você ao ódio dirigido ao lado oposto.

Infelizmente as diferenças políticas e ideológicas são assim, muitas vezes acompanhadas de intolerância e agressividade. Isso porque falta inteligência emocional em grande parte da população. É importante saber que inteligência emocional não significa capacidade intelectual.

urna eleitoral
Eleitor realizando a biometria para início do voto. (Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE)

Abolir a intolerância e aprender a ouvir o outro é uma capacidade inestimável de poucos. Isso, por si só, estimula a compreensão dos diferentes segmentos políticos e ideológicos e nossa importância na participação ativa na vida política pública.

O debate e a confecção de possíveis soluções, com o aval, inclusive, do grupo de oposição, é realmente saudável e importante para o crescimento político de uma nação democrática. A diversidade de expressões de diferentes correntes de pensamento, sem dúvida, evita o autoritarismo e colabora com o crescimento de um país. O contrário facilita a exclusão, a censura e a intolerância aos opostos.

Não podemos ver a diversidade política ideológica como obstáculo à expressão de diferentes correntes de pensamento, mas como riqueza de opiniões que equilibram uma sociedade democrática. Discutir diferentes visões não pode ser um ato desagregador, mas algo a servir de estudo e reflexão.

A discordância é necessária, desde que dentro do respeito ao direito nosso e do outro. Agindo assim, preservamos nossa saúde intelectual e mental como um todo. “Pensar diferente é humano, saber conviver com as diferenças é civilização’’.

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