Assessor de vereador de Rondonópolis e mais 5 são presos suspeitos de lavar dinheiro de facção

João Paulo Lopes da Cruz, assessor do vereador Ary Campos (PT), foi preso em Rondonópolis suspeito de integrar esquema que usava fachada de empresa para lavar dinheiro do tráfico de drogas em Mato Grosso.

O assessor do vereador Ary da Costa Campos (PT), de Rondonópolis (MT), João Paulo Lopes da Cruz, foi preso nesta terça-feira (30), durante a quinta fase da Operação Eclipse, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso. Ele é suspeito de atuar como operador financeiro de uma facção criminosa responsável por lavar dinheiro do tráfico de drogas por meio de empréstimos ilegais com juros abusivos. A célula criminosa tinha como base o município de Água Boa e ramificações em Barra do Garças e Rondonópolis.

A prisão ocorre meses após Ary Campos ter o mandato cassado em primeira instância pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), acusado de ter sido eleito com apoio do Comando Vermelho. Apesar da decisão, o vereador continua no cargo, já que recorreu e o processo ainda aguarda julgamento em instância superior.

Delegado Bruno Gomes explica como funciona esquema

Esquema de fachada e agiotagem

De acordo com a investigação, o grupo utilizava uma empresa clandestina chamada “Vale Crédito” para aplicar golpes no comércio local, simulando a oferta de empréstimos. Na prática, tratava-se de agiotagem, com juros elevados, voltada a comerciantes, especialmente de Água Boa. O dinheiro circulava no mercado informal e retornava à facção já “lavado”, com aparência de legalidade.

“Constatamos a existência de uma célula do crime organizado, denominada Vale Crédito, que atuava emprestando dinheiro a comerciantes locais com juros abusivos. A partir disso, a organização lavava recursos obtidos no tráfico de drogas”, explicou o delegado Bruno Gomes, responsável pela operação.

Segundo ele, o grupo estava estruturado para atuar simultaneamente em três cidades: Água Boa, Barra do Garças e Rondonópolis.

operacao verador
Polícia prendeu 6 pessoas durante operação – Foto: Polícia Civil – MT

Prisões, sequestros e bloqueios

Ao todo, a Polícia Civil cumpriu 18 ordens judiciais nesta fase da operação: sete mandados de prisão preventiva, sete de busca e apreensão, dois bloqueios de contas bancárias e dois sequestros de bens.

Seis pessoas foram presas: duas em Rondonópolis, entre elas o assessor do vereador, duas em Barra do Garças e duas em Água Boa. Também foi sequestrado um veículo de luxo, suspeito de ter sido adquirido com dinheiro do esquema.

Além dos automóveis e motocicletas, houve o bloqueio de valores em contas bancárias e apreensão de celulares, anotações financeiras e documentos que devem aprofundar o rastreio da atuação do grupo criminoso.

Ary da Costa Campos
Vereador Ary Campos foi cassado após acusação de usar dinheiro de facção na campanha eleitoral de 2024 (Foto: Reprodução)

Elo político sob suspeita

Ary Campos foi investigado na Operação Infiltrados, em setembro de 2024, sob suspeita de promover a campanha eleitoral com recursos da facção Comando Vermelho. Segundo a denúncia, a candidatura foi articulada por membros da facção como estratégia de inserção política.

A Justiça determinou, à época, o uso de tornozeleira eletrônica pelo então candidato e a imposição de medidas cautelares. Em maio de 2025, o TRE-MT cassou seu mandato por abuso de poder econômico e político. A decisão é de primeira instância e foi contestada pela defesa.

Versão do vereador

Em nota, o vereador Ary Campos afirmou ter total desconhecimento sobre a vida pessoal dos membros de sua equipe e disse que não mantém vínculo fora do ambiente de trabalho com os assessores.

Segundo a manifestação, o gabinete garante que todas as contratações são feitas dentro da legalidade, exigindo documentação completa, incluindo certidões negativas e antecedentes criminais. A assessoria ressaltou que, no momento da contratação, o assessor preso apresentou ficha limpa, sem registros policiais.

“O vereador não tem conhecimento das ações individuais dos seus assessores fora da porta do gabinete e reforça que a responsabilidade sobre essas condutas é pessoal, não se estendendo ao mandato parlamentar”, destacou o comunicado da assessoria.

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