De furto a assassinatos em série: veja o histórico do suspeito de morte de mulher na UFMT

Documentos periciais e processos na Justiça mostram que Reyvan da Silva Carvalho, 30 anos, é suspeito de praticar crimes na universidade desde 2016.

A prisão de Reyvan da Silva Carvalho, 30 anos, na tarde desta sexta-feira (29), dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), encerra uma trajetória marcada por reincidências e uma escalada de crimes que se estendem por quase uma década.

Documentos judiciais e laudos periciais revelam que ele nunca deixou de aparecer no sistema de Justiça de Mato Grosso, mas conseguiu permanecer em liberdade até ser identificado como suspeito de praticar de uma série de estupros e feminicídios em Cuiabá.

Reyvan da Silva Carvalho foi preso nesta sexta-feira (29) dentro da UFMT, onde também ocorreu o último feminicídio.(Foto: Bárbara Siviero/TVCA
Reyvan da Silva Carvalho foi preso nesta sexta-feira (29) dentro da UFMT, onde também ocorreu o último feminicídio. (Foto: Bárbara Siviero/TVCA

O primeiro registro criminal de Reyvan, ligado ao campus, foi em 2016, quando foi preso em flagrante por furtar o celular de uma mulher. As investigações revelaram que o investigado atuou por anos e possui um modus operandi marcado por ataques a mulheres, em situação de vulnerabilidade.

Em coletiva na tarde desta sexta-feira (29), o delegado Caio Albuquerque Junqueira, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), explicou que as investigações resultaram em um amplo “confronto de DNA”, no qual os exames foram repetidamente analisados para afastar qualquer dúvida.

“O que eu poderia dizer é que o exame é altamente confiável e confirma a atuação de Reyvan junto a cada uma dessas vítimas e seus respectivos locais. Isso não há dúvida. É como se fosse uma digital”, destacou Caio.

Mulher é encontrada morta em galpão abandonado na UFMT em Cuiabá. (Foto: Reprodução/ Victor Ostetti)
Solange Aparecida Sobrinho, foi encontrada morta em galpão abandonado na UFMT em Cuiabá. (Foto: Reprodução/ Victor Ostetti)

Segundo o delegado, a atenção e a seriedade de toda a equipe da Polícia Civil e da Politec foram fundamentais para a descoberta da autoria dos crimes. Ele avaliou que casos de violência contra mulheres em espaços públicos, como ruas ou até dentro de universidades, são uma “triste constatação de que práticas que, se imaginava ser superadas, ainda persistem”.

O delegado Bruno Abreu, também da DHPP, afirmou que Reyvan será investigado por outros possíveis crimes e não descartou a possibilidade de novas descobertas. “Com a prisão dele, vamos ver se tem mais vítimas. Principalmente nas dependências de uma unidade educacional, onde as pessoas estão ali achando que é um lugar seguro”, revelou o delegado, que descreveu os crimes como “ritual de selvageria”.

Linha do tempo dos crimes

Da primeira prisão por furto dentro da UFMT em 2016 até a captura no mesmo campus nesta sexta-feira, Reyvan acumulou processos e acusações. Apenas com exames de DNA a perícia conseguiu ligar o nome dele a uma lista de inúmeros crimes em sequência na capital.

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Reyvan da Silva Carvalho, 30 anos, é suspeito de estupros e assassinatos de mulheres em Cuiabá. (Foto: Reprodução)
  • 2016 – Prisão por furto dentro da UFMT

Reyvan foi preso em flagrante após furtar um celular dentro do campus da UFMT. Ele foi condenado a um ano de prisão em regime aberto.

  • 2019 – Acusado em roubo armado

Reyvan foi acusado de invadir uma casa no bairro Terezinha II, em Cuiabá, durante a noite, armado e acompanhado de comparsas. A família foi rendida e teve o dinheiro, eletrônicos e o carro levados pelos criminosos.

O caso chegou à Justiça, mas em 2022 ele foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Para os desembargadores, o reconhecimento feito por fotografia era falho e não havia provas suficientes para condená-lo.

  • 2020 – Assassinato em terreno baldio no Parque Ohara

No dia 27 de dezembro de 2020, aconteceu o feminicídio e estupro de Marinalva Soares da Silva, no bairro Parque Ohara. A vítima foi encontrada morta em um terreno baldio, após sofrer agressões físicas e ser morta por asfixia mecânica (esganadura), conforme apontou o laudo de necropsia.

Na época, vestígios biológicos foram coletados pela perícia e inseridos no banco de perfis genéticos, mas sem que fosse possível identificar o autor. O caso seguiu como homicídio qualificado. Segundo documento do TJMT, o laudo pericial do local do crime evidenciou que não havia, no ambiente externo, qualquer sinal de que a vítima tivesse condições de reagir ao ataque.

Anos depois, com a comparação genética em investigações de outros crimes, a polícia confirmou a ligação de Reyvan, com a cena do homicídio.

  • 2021 – Estupro no Tijucal

Segundo a Polícia Civil, a vítima do estupro em 2021, era uma mulher que estava grávida de seis meses, quando foi violentada no bairro Tijucal, em Cuiabá. O ataque, que chocou os investigadores pela brutalidade contra uma gestante, não teve autoria identificada na época. Só agora, com os laudos divulgados, a polícia confirmou que o DNA encontrado pertence ao suspeito.

  • 2022 – Estupro no Jardim Leblon

Mais um ataque contra uma mulher é registrado no bairro Jardim Leblon, em Cuiabá. Vestígios biológicos foram coletados e apontavam para o mesmo agressor dos casos anteriores. Naquele momento, a investigação ainda não tinha chegado ao nome de Reyvan.

  • 2025 – Feminicídio dentro da UFMT

No dia 23 de julho deste ano, Solange Aparecida Sobrinho, de 52 anos, foi encontrada morta dentro da UFMT. Exames de DNA, realizados a partir de vestígios biológicos no corpo da vítima e de uma bituca de cigarro deixada no local, confirmaram que o mesmo autor já estava envolvido em outros crimes registrados em 2020, 2021 e 2022.

Solange foi vista caminhando no campus antes de ser encontrada morta em galpão da UFMT em Cuiabá –

O laudo da perícia apontou sinais de extrema violência. Fragmentos de DNA de Reyvan foram achados debaixo das unhas da vítima, evidenciando que ela tentou lutar para sobreviver ao ataque. A polícia também encontrou, material genético na vitima, e o DNA do acusado em uma bituca de cigarro próximo ao corpo da vitima.

O suspeito, deve responder por uma série de estupros e feminicídios em Cuiabá. O caso segue sob investigação da Polícia Civil.

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