Família usava negócios de fachada e até fábrica de sonhos para lavar dinheiro, diz polícia
Ao todo, o esquema envolvia pelo menos 31 pessoas físicas e oito empresas em Mato Grosso e outros estados
A Polícia Civil de Mato Grosso revelou, nesta terça-feira (2), os bastidores de um esquema milionário de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro desarticulado na Operação Conductor. As investigações mostram que, por trás de empresas aparentemente inofensivas, como uma firma de energia solar, uma farmácia fantasma e até uma lanchonete que vendia sonhos, circulavam milhões de reais oriundos do crime organizado.

O “Doutor” e a família no comando
O grupo era chefiado por um advogado de 32 anos, apelidado de “Doutor”, que exercia o controle sobre transporte, armazenamento e distribuição de drogas na região metropolitana de Cuiabá. Segundo a polícia, ele contava com a ajuda de toda a família: a irmã recebia e distribuía a droga, a mãe, a esposa, o irmão, a tia e a cunhada também participavam ativamente, movimentando valores em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas.
“O líder determinava os dias em que o transporte seria realizado, mantinha o controle das viagens, pagava os envolvidos e definia os destinatários. Era um comando centralizado e extremamente organizado”, explicou a delegada Bruna Laet, responsável pelo caso.
Empresas de fachada e cifras milionárias
Entre os mecanismos de lavagem de dinheiro identificados, estava uma empresa de energia solar registrada em Cuiabá, que em 2024 movimentou R$ 23 milhões. Os investigadores apontaram que parte dos valores vinha de facções criminosas atuantes em Mato Grosso, por meio de reclusos no sistema penitenciário.
Outro exemplo foi uma farmácia registrada no bairro Dom Aquino, em Cuiabá. O prédio simplesmente não existe. Mesmo assim, o capital social da empresa saltou de R$ 5 mil para R$ 800 mil em 2024. Nesse mesmo ano, ela declarou receita de pouco mais de R$ 200 mil, mas movimentou R$ 13 milhões em créditos bancários.
A investigação também revelou empresas em funcionamento usadas para camuflar os lucros do tráfico. Uma padaria que vendia sonhos e uma distribuidora de bebidas, ambas em Cuiabá, também serviam de cortina para a lavagem.
“É evidente a discrepância entre o que era declarado e os valores movimentados. Esses negócios eram utilizados exclusivamente para esquentar o dinheiro do tráfico”, afirmou a delegada.


O motorista da van e a rota do tráfico
O ponto de partida da investigação foi a prisão de um motorista, em abril de 2024, em Cáceres, transportando 153 kg de cocaína em uma van disfarçada de transporte de passageiros. Ele recebia R$ 30 mil por viagem e movimentou mais de R$ 1 milhão em dois anos.
A conexão entre esse motorista e a família do “Doutor” era feita por um intermediário de 34 anos, que, segundo a polícia, movimentou R$ 3,7 milhões entre 2022 e 2024 e tinha ligação direta com facções criminosas.
Outro envolvido que chamou atenção foi um morador de Cáceres, de 48 anos, trabalhador em perfuração de poços, que declarou vida humilde mas recebeu R$ 6 milhões em sua conta só em 2024.
Força-tarefa contra o crime organizado
A Operação Conductor cumpriu 91 das 95 ordens judiciais expedidas, incluindo 12 mandados de prisão preventiva, bloqueios de contas, apreensão de cinco veículos e 190 munições. Apenas quatro alvos seguem foragidos.
Ao todo, o esquema envolvia pelo menos 31 pessoas físicas e oito empresas em Mato Grosso e outros estados. O grupo ainda fornecia drogas para duas facções criminosas, uma em Mato Grosso e outra no Maranhão.
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