Motinha era fornecedor de cocaína de irmãos presos pela PF
Os negócios incluíam até a troca de propriedades milionárias por carregamentos de entorpecentes; uma delas uma chácara avaliada em 2,2 milhões de dólares
O traficante Antônio Joaquim da Mota, conhecido como “Motinha” ou “Dom”, era o principal fornecedor de cocaína do grupo criminoso investigado pela operação “Prime” – realizada pela Polícia Federal nessa quarta-feira (15). Os negócios incluíam até a troca de propriedades milionárias por carregamentos de entorpecentes, de acordo com as descobertas da PF.

A operação Prime surgiu das investigações da Sordidum – também deflagrada nessa quarta-feira, mas que tem como alvo a organização comandada por Ronildo Chaves Rodrigues e Alexander Souza.
Os chefes do grupo investigado pela Prime são os irmãos Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins e é com eles que “Motinha” negociava diretamente.
Conforme apurado pela reportagem, os policiais encontraram várias mensagens entre os três traficantes e com “funcionários” deles. A prova mais significativa está justamente em negócios imobiliários: a compra de uma chácara na zona rural de Pedro Juan Caballero, Paraguai, avaliada em 2,2 milhões de dólares.
A chácara pertencia a Marcel e Valter e foi entregue a “Motinha” em 2022. Como entrada, transferiu para os irmãos um apartamento de luxo em Joinville, Santa Catarina, avaliado em pouco mais de R$ 1,2 milhão de dólares.
Os irmãos ainda ficaram com um crédito de mais de R$ 600 mil com “Motinha”. Parte do pagamento da dívida, segundo as investigações, foi feita em drogas.
Segundo a investigação jornalística, o controle do pagamento foi feito por Valter Ulisses, conhecido como Hollister, o segundo na linha de comando da organização e ainda responsável pela logística de contato com fornecedores e outros operadores do tráfico.
Foi nas conversas dele com outros integrantes do grupo que a polícia localizou o contrato de compra dos imóveis de luxo e o registrado de recebimento das cargas de droga.
No controle financeiro, as cargas são chamadas de “boiada”.
Pelo menos três foram repassadas aos irmãos: duas avaliadas em 100 mil dólares e uma em 160 mil dólares. Cada quilo de cocaína foi acertado por 2,7 mil de dólares.
Os valores foram negociados entre os irmãos e “Motinha”, tudo registrado em prints dos diálogos por mensagem de app.
Mesmo depois da venda, a reforma da chácara foi providenciada pelos irmãos Marques. Dois integrantes do grupo – Mario David Distefano Fleitas e Paulo Ancelmo da Silva Júnior – ficaram responsáveis por cuidar dos detalhes e receberam altos valores para a manutenção do local.
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Pagamentos por doleiros
Outra prova das negociações entre os traficantes surgiu na identificação do doleiro responsável pelas movimentações financeiras do grupo liderado por Marcel e Valter.
Valter era quem cuidava de todos os pagamentos e para isso ele contava com ajuda de Hector Rodrigo Salinas Esquivel, sustenta a PF.

O traficante mantinha contas separadas por valores em diferentes moedas – reais, dólares e guaranis – sob controle da casa de câmbio de Hector. Em uma das conversar interceptadas pela polícia, Valter autorizou que o doleiro transferisse 30 mil dólares para “Motinha”, pagamento do pouso de um “material”.
Ainda conforme a investigação, todos os pagamentos do grupo passavam pelo doleiro. Alguns em dinheiro, como foi o caso de “Dom”; o valor acordado foi entregue em mãos a um dos funcionários dele.
Além disso, para despistar a polícia, os irmãos tinham seis empresas: Primeira Linha Acabamentos, Paris Construtora, Israel Construtora, Efraim Construtora, Transfort e Agrocanaã. Elas eram usadas no esquema de lavagem de dinheiro. Vários imóveis eram comprados em nome das empresas e depois transferidos para o nome dos irmãos.
Os patrimônios eram concentrados no nome de Marcel. Segundo a polícia, o líder do grupo esteve preso em 2017 pela operação Enigma e em 2020 teve os bens sequestrados na operação Status, mas, ainda assim, acumula R$ 48 milhões em patrimônio.
Saibam quem são os presos
Alvos de prisão preventiva da Operação Prime:
- 1. MARCEL MARTINS SILVA, de Dourados/MS;
- 2. VALTER ULISSES MARTINS SILVA, residente no Paraguai;
- 3 – ANTONIO JOAQUIM MENDES GONÇALVES DA MOTA, foragido;
- 4 – LUIS GUILHERME CHAPARRO FERNANDES, natural de Corumbá/MS, atualmente preso ni sistema penitenciário estadual;
- 5. CARLOS JOSÉ ALENCAR RODRIGUES, de Dourados/MS;
- 6. HECTOR RODRIGO SALINAS ESQUIVEL, natural de Ponta Porã/MS, residente no Paraguai;
- 7. EDER MATHIAS BOCSKOR, de Ponta Porã/MS;
- 8. PAULO HENRIQUE DE FARIA, de em São José/SC;
- 9. MARIO DAVID DISTEFANO FLEITAS, de Pedro Juan Caballero, no Paraguai;
- 10. PAULO ANCELMO DA SILVA JUNIOR, de Dourados/MS;
- 11. WAGNER GERMANY, de Campo Grande/MS;
- 12. VAGNER ANTONIO RODRIGUES DE MORAES (MORENO), de Curitiba/PR;
- 13. PAULO ANTONIO DA SILVA VIANA (SARITA), de Campo Grande/MS;
- 14. ALESSANDRO RODRIGUES DE MORAES, de Curitiba;
Alvos de prisão temporária da operação Prime:
- 1. EVELYN ZOBIOLE MARINELLI MARTINS, natural de Umuarama/PR
- 2. DANILO CUSTODIO REBEQUE, de Dourados/MS
Quem é “Motinha”?
Motinha está foragido desde o ano passado e tem, pelo menos, três mandados de prisão expedidos em seu nome. Ele e o pai são apontados como um dos maiores fornecedores de droga da fronteira do Brasil com o Paraguai.
Ele fugiu do radar da polícia um dia antes de uma ação montada especificamente para capturá-lo, mas a informação vazou e chegou a Dom. Ele estava em uma propriedade rural que se estende pelos dois países, entre Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e escapou de helicóptero.
O megatraficante ainda é conhecido por controlar uma equipe com caráter paramilitar, composta por mercenários estrangeiros.
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